segunda-feira, 23 de abril de 2012

APELIDOS

APELIDOS
    Tive uma ex-namorada que me chamava de bebê, apenas de bebê. Com todas as caras, bocas, vozes de alguém que está falando com uma criança com problemas de entendimento ou aprendizado. Acho que isso foi uma das coisas que fiquei traumatizou em alguns relacionamentos.
    Por mais bizarro que pareça, reencontrei uma amiga que, muito antes, desde sempre, me chamou de baby, babe, bebê e suas variantes, com caras, bocas e vozes de alguém que está falando com uma criança que vai respondê-la a qualquer momento e quem sabe sorrir. Era algo mais, genérico e chegava a ser uma mania dela em classificar os amigos, uma espécie de graduação militar, uma patente designando o seu estado para com ela. Sinto-me honrado por ser um de seus bebês e ainda nos tratamos por esse apelido.
    Acho que a memória é assim, associativa às nossas lembranças.  Os apelidos geralmente são relacionados com manias ou características.  Sejam as manias de quem dá, ou de quem recebe. As características podem ser em falta ou em excesso do receptor.
    Existem apelidos de redução do nome, ou um nome diferente freqüentemente usado. Devo esclarecer que apelido em português brasileiro é sinônimo de alcunha, apodo, antonomásia, cognome e epíteto. Sem esquecer os pseudônimos, nomes artísticos e hipocorísticos adotados.
     Não sou um bebê! Vá! Chame-me por meu nome. Não se obrigue a dar apelidos. Não force as coisas. Não domine ou denomine. Meu nome!  Simplesmente, meu nome!
    Nome vai continuar sendo o velho substantivo masculino que designa pessoal, animal ou coisa, será sempre a denominação de algo ou alguém. Não os substituirei por pronomes, recordando: “tias” e “tios”, “professores” e “mestres” de línguas. De inúmeras lembranças e adjetivos.    Não soltarei o verbo, nem escreverei artigos.  Da classificação variável restou apenas o numeral. Invariáveis: advérbios, preposições, conjunções, interjeições. Ao longe e sem dúvidas - um suspiro. Oh! As dez classes morfológicas lembradas por um apelido.
    E os bebês continuam a nascer e eu sem choro agüentei. Esse apelido que me enojava quando proferido por minha ex. Por bem, meu relacionamento amoroso com ela se foi.  O apelido por outra ficou, minha amizade continua intacta, aguardando notícias de minha oficial superior. Sempre às ordens, sempre um de seus bebês.
    Fato curioso, essa minha amiga é atriz, comunicadora e jornalista. Muito antes da ídola Cristiane Torloni, em entrevista dada ao canal Multishow. Já me dizia como lema:
    -Hoje é dia de rock, bebê!

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

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