quinta-feira, 26 de abril de 2012

RPG

RPG
    Sempre me perguntaram o que era o RPG, muita gente confunde com jogos de computador interativo (que podem ser um tipo de RPG), ou ainda com Reeducação postural global - método fisioterapêutico.
    Para facilitar as coisas, não vou falar no começo sobre o que é o tal do RPG, vou falar sobre o que é brincar de casinha (brincar de boneca, brincar com os hominhos - gíria para bonecos ou figuras de ação). Todo mundo já brincou? Não? Então vou explicar.
    Na minha infância, brincávamos de casinha. Juntavam as crianças da mesma idade que algumas vezes se separavam pelos tipos de brinquedos, outras não. Mas quando brincávamos de casinha, geralmente uma das crianças mais dominadoras, começava a delegar papéis para as outras crianças brincarem com ela.
    Geralmente uma menina escolhia ser a mãe, pegava sua boneca favorita e tratava como filha e escolhia quem ela quisesse para ser o marido. (Será uma coincidência social? Uma formação sociologia? Demonstração de dominação pelo sexo feminino?). Ok, isso foi uma brincadeira e não irei me aprofundar no mérito.
    Pois bem, outras crianças podiam brincar formando outras famílias e ainda desenvolver papéis sociais como comerciantes, bancários, empregados, chefes, com base numa infinidade de profissões definidas na época e certamente muitas vezes influenciadas pelas mídias e familiares.
    Cenas clássicas são filhos imitando principalmente pais, professores e cenas da televisão. As crianças desempenham papéis. A mamãe vai ao mercado comprar comida para casa levando a filhinha que pede para comprar um doce, a mãe decide se compra ou não. A filha decide como reagir em relação a isso e a brincadeira segue, algumas vezes a brincadeira termina com discussões por alguém reagir de maneira inesperada, não respeitando a vontade de outros.
    Agora pasmem, jogar RPG é exatamente a mesma coisa!
    No RPG, que é um jogo de interpretação de papéis, as pessoas criam seus personagens os quais devem seguir da maneira que foram criados, e com base numa história de fundo geral criado por um narrador que aponta desafios, escolhas e situações para que os jogadores interajam entre si, representando sempre um papel.
    Existem regras, e situações definidas randomicamente, ou seja, de forma aleatória que pode ser decidas por inúmeras formas, a mais conhecida é pela rolagem de dados (que podem variar a quantidade de faces para se aplicar porcentagens de sucesso e falha na situação). Qualquer pessoa que estudou o mínimo sobre probabilidade, não terá dificuldade para entender que tirar 2, 3, 4, 5 ou 6 num dado de 6 faces (conhecido como cubo ou hexaedro),  é mais fácil do que tirar apenas o número 1.
    Na vida real podemos ter dificuldade ao andar, ao correr por escadas, ao dirigir. A rolagem de dados, o elemento aleatório, contribui para que tenha falhas nos jogo também.
    Como objetos de decisão de elementos aleatórios podemos usar (cartas, dados de várias faces, moedas, roletas, escolha de objetos escondidos nas mãos, o jogo de pedra, papel e tesoura (conhecido também como jan-ken-po ou apenas pô)  ou ainda a versão: pedra, papel, tesoura, lagarto e Spock, para os mais nerds e fãs da série “The Big Bang Theory”.
    Numa brincadeira de índios versus cowboys, pode se dar chance iguais, tanto para índios e para os cowboys, ou ainda se decidir que os índios estarão em maior número e dar a vantagem aos índios, ou então dar armas de fogo para os cowboys para se diminuir de algum jeito a desigualdade numérica.
    No RPG a probabilidade dá chances para que a sorte ou azar façam um lado vencer, como na vida real.
    Na brincadeira de casinha algumas vezes as pessoas se vestiam com as roupas dos pais. No RPG, as pessoas podem se fantasiar também, para aumentar a diversão ou tornar a coisa mais teatral.
    No RPG geralmente o jogo não acaba por motivos de divergências de idéias, alguns tem sistemas complexos para tomada de decisões, mas de modo geral aceitam-se as atitudes tomadas por bom senso e respeitam as características do personagem interpretado e a decisão final do narrador.
    Tanto o RPG quanto brincar de casinha são brincadeiras fantasiosas. É um teatro, um filme, interpretado por pessoas que buscam diversão. Fantasias que se aproximam do mundo real e nos ajudam a compreender pessoas e situações. São pensamentos que nos ajudam a pensar em probabilidades e assumirmos responsabilidades por escolhas. Não existem vencedores ou perdedores. Existem pessoas que aprenderam a pensar de outras formas. Como na brincadeirinha de casinha, o jogo acaba quando as pessoas cansam dos papéis ou do mundo interpretado.
    São partes do processo pedagógico desenvolvido em diversos níveis: antropológicos, sociológicos, psicológico, culturais.
    Não ache que jogadores de RPG são muito diferentes das crianças brincando ou dos atores interpretando.
    Não ache que eles são diferentes de você ao simular uma situação numa tomada de decisão.
    Eu gosto de jogar RPG, como gosto de jogar pôquer (poker texas hold’em) ou empinar pipa.
    Jogadores de RPG são pessoas como você e se submetem aos mesmos diretos e deveres. Não seja hipócrita repulsando sem conhecer. Afinal, ao meu ver, todos algum dia foram jogadores de RPG.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

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